Nesta quarta-feira (20), o Brasil celebra o Dia Nacional da Consciência Negra! A data do feriado foi escolhida a dedo e é uma referência ao dia de morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, um local que é símbolo da luta contra o racismo e resistência.
Dessa maneira, a data marca uma extensa história de combate ao preconceito racial e busca promover o debate e reflexão na população brasileira. Ainda, ela é o momento de exaltar a cultura afro-brasileira e a população negra brasileira.
A fim de celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, confira dez músicas que abordam a representatividade em suas letras:
Stand Up – Cynthia Erivo
A princípio, “Stand Up” foi escrita por Cynthia Erivo e Joshuah Brian Campbell para a trilha sonora do filme “Harriet”, de 2019. Dessa maneira, o longa narra a história da ativista e abolicionista americana Harriet Tubman e honra a sua memória.
Além de compositora e voz da faixa, Erivo também estrelou a produção. Ainda, a canção recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de “Melhor Música Original”.
A Carne – Elza Soares
Originalmente, “A Carne” é uma produção do grupo Farofa Carioca, composto por Marcelo Yuka, Seu Jorge e Ulisses Cappelletti. No entanto, através do disco “Do Cóccix até o Pescoço”, de 2002, Elza Soares popularizou a canção de protesto que destaca a realidade de população negra no Brasil.
Segundo a cantora, para a biografia “Elza”, a música não é para um grupo específico de pessoas. “Era para todo mundo abrir bem o ouvido e me escutar gritando que a carne mais barata do mercado era a carne negra.”
Formation – Beyoncé
Em 2016, Beyoncé deu um passo em direção ao ativismo que redefiniria a sua carreira. Neste ano, ela lançou “Lemonade”, o álbum visual que conta com o single “Formation”. Assim, tanto a canção quanto o videoclipe exaltam a cultura negra e fazem referências ao movimento afro-americano estadunidense. Por exemplo, Bey usa vestimentas em homenagem ao grupo Panteras Negras, partido político e social que lutava por direitos civis e da população preta, principalmente nos Estados Unidos.
Respect – Aretha Franklin
No auge da luta por direitos civis nos Estados Unidos, Aretha Franklin lançou “Respect”. Inicialmente, o responsável pela canção é o músico Otis Redding, que a lançou em 1965. Contudo, dois anos mais tarde, a “Rainha do Soul” tomou a faixa para si e a ressignificou, transformando-a em um hino do movimento feminista, negro e de direitos civis.
Posteriormente, em sua autobiografia “Respect: A Vida de Aretha Franklin”, a cantora defende que a produção era “a necessidade de uma nação”. “Todos queriam respeito.”
Identidade – Jorge Aragão
Lançada em 1999, a canção “Identidade” está creditada no álbum “Ao Vivo”, do sambista Jorge Aragão. A canção é, ao mesmo tempo, uma denúncia do racismo presente na sociedade brasileira e uma exaltação da cultura negra, como o cantor diz no verso “Somos heranças da memória”.
Brown Skin Girl – Beyoncé
Mais uma vez nesta lista especial do Dia Nacional da Consciência Negra está Beyoncé. Inicialmente, “Brown Skin Girl” integra a trilha sonora do live-action “Rei Leão”, de 2019. Contudo, a música atingiu novos níveis de sucesso com o lançamento do videoclipe, em 2020, que fez parte do longa “Black Is King”, dirigido, produzido e co-escrito por Bey.
Assim, a produção audiovisual não apenas exalta as potencialidades negras, como também foca nas mulheres pretas, promovendo uma mensagem de empoderamento. A dona de “Single Ladies” ainda chamou sua filha Blue, que na época tinha apenas 7 anos, para cantar trechos da canção. Além dela, o rapper Saint Jhn e o cantor Wizkid compõem o time de vocalistas.
Young, Gifted and Black – Nina Simone
“Young, Gifted and Black” é uma homenagem de Nina Simone para a sua amiga Lorraine Hansberry, a primeira mulher negra a roteirizar uma peça da Broadway. Aliás, o título “Young, Gifted and Black” (“Jovem, talentoso e negro”, em livre tradução) foi uma frase falada por Hansberry enquanto conversava com um grupo de jovens estudantes.
Simone foi marcada por ela escrever a melodia, enquanto Weldon Irvine se responsabilizou pela composição. De acordo com ele, a cantora havia dito para manter a letra simples e escrever algo “que fará crianças negras em todo o mundo se sentirem bem com elas mesmas”.
Get Up, Stand Up – Bob Marley
“Get Up, Stand Up” é uma das canções mais emblemáticas de Bob Marley e está presente no álbum “Burnin'” do The Wailers. Assim, a faixa é um hino de protesto que incentiva o público a se colocar frente às injustiças e lutar, como dizem os versos: “Lute pelos seus direitos! Não desista da luta!”.
Olhos Coloridos – Sandra de Sá
Famosa na voz de Sandra de Sá, a música “Olhos Coloridos” é uma composição do cantor Macau. Assim, a faixa surgiu após o músico ser vítima de um episódio de racismo na década de 70, quando foi preso injustamente no Rio de Janeiro.
O músico escreveu a faixa quase como desabafo depois de ser liberto. “Eu comecei a olhar o mar e veio, de uma forma única, o texto dos ‘Olhos coloridos’. Eu comecei a chorar, veio na minha mente todo esse texto”, contou em entrevista ao G1.
Confira a versão que atingiu o sucesso, com a voz poderosa de Sandra de Sá.
Negro Drama – Racionais MC’s
Por fim, para fechar a seleção do Dia Nacional da Consciência Negra, está a icônica faixa “Negro Drama”, lançada na coletânea “Nada Como Um Dia Após O Outro”. Nela, o grupo Racionais MC’s retrata a realidade brasileira da vida em periferias.
Aliás, mais do que isso, é uma crítica ao racismo da sociedade brasileira. A faixa é uma das mais emblemáticas dos rappers e está no Top 3 das músicas mais ouvidas do conjunto no Spotify, mas de vinte anos após o seu lançamento.