Em segundo dia de Best of Blues and Rock, Dave Matthews Band e Richard Ashcroft apresentam setlists diferentes

Festival, que aconteceu no Parque Ibirapuera, neste domingo (8), também trouxe Paula Lima e Barão Vermelho

Após um primeiro dia de sucesso, o Best of Blues and Rock teve continuidade neste domingo (8) de frio, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, trazendo novamente ao palco os headliners Dave Matthews Band e Richard Ashcroft (ex-The Verve).

Como prometido pela organização, ambos tocaram setlists diferentes dos executados na noite passada. Por sua vez, os shows nacionais foram liderados por Paula Lima, fazendo uma homenagem para Rita Lee, e Barão Vermelho, com o espetáculo da turnê “Do Tamanho da Vida”.

Ao longo do dia, clássicos dos Beatles, The Police, David Bowie, Thin Lizzy, AC/DC, Rolling Stones, Aerosmith e outros embalaram o público entre uma apresentação e outra. A seguir, confira tudo que aconteceu:

Paula Lima

Abrindo os trabalhos, Paula Lima subiu ao palco com uma banda robusta — composta por tecladista, baixista, baterista, trombonista e três guitarristas — para apresentar o espetáculo “Soul Lee”, um tributo soul cheio de swing à icônica Rita Lee. “Que bom que vocês vieram. Esse é o Soul Lee às duas e meia da tarde”, saudou a cantora, vestindo um macacão roxo brilhante e sapatos prateados. “Nem Luxo, Nem Lixo”, abrindo o repertório, mostrou logo no início seus vocais potentes.

“Essa é a minha homenagem para a deusa maravilhosa Rita Lee: amorosa, afetuosa, inteligentíssima”, declarou ao público. Canções como “Agora Só Falta Você”, com uma espécie de karaokê nos telões, “Ovelha Negra”, “Ovelha Negra”, com a estrela afirmando que “todos somos Ovelhas Negras, o que deixa a vida maravilhosa”, e “Mania de Você”, com a plateia cantando junto, vieram em seguida. “Mutante” deu uma desacelerada no repertório, com a presença mais marcante do teclado e vocais emocionantes por parte da artista – que sustentou por um tempo impressionante uma nota alta ao fim.

Ao longo de toda performance, a cantora batia palmas, interagia com os músicos de apoio e arriscou até uma dancinha com o trombonista Jorginho Neto e com o guitarrista Guga Sanva à frente do palco em “Desculpe o Auê” – na qual fez uma dinâmica divertida com o público, que repetia o que ela pedia.

Antes de estrear “Menino Bonito”, tocada especialmente para o festival, a estrela decidiu compartilhar a origem do projeto: “Eu tive a sorte de conhecer a nossa deusa maravilha Rita Lee em 2004, aqui no Parque Ibirapuera, e juntas celebramos a vida. Iluminada e estelar, ela empoderou tantas mulheres, abriu tantos caminhos. Ela me deu alguns conselhos que eu guardo pra minha vida, que um dia eu conto no meu Instagram. Quando eu pensei em homenagear essa grande mulher, pensei nas canções, na representatividade e trouxe pro meu universo black n roll”.

Na reta final, Paula Lima ainda deixou a energia lá no alto, ao apresentar um medley de “I Can’t Get No” (Rolling Stones) com “Jardins da Babilônia” e outros sucessos como “Doce Vampiro”. “Somos todos vampiros do amor”, brincou.

“Foi um prazer estar aqui com vocês. Soul Lee na área. Vocês foram incríveis”, se despediu ao som de “Saúde”, voltando, então para um pequeno encore com “Lança Perfume”, no qual introduziu toda a sua banda, que encerrou sozinha no palco o espetáculo, sem dúvida, divertido e leve.

Barão Vermelho

Acompanhados do baixista Márcio Alencar e com participação especial de Cezinha (irmão do saudoso Peninha), os integrantes Guto Goffi (bateria, percussão), Maurício Barros (teclados, vocais), Fernando Magalhães (guitarra, violão, vocais) e Rodrigo Suricato (voz, guitarra, violões) iniciaram o show com uma introdução nos telões relembrando a histórica aparição no Rock in Rio de 1985. “Alô, São Paulo”, disse Suricato, dando boas vindas ao público.

“Maior Abandonado” abriu oficialmente o setlist, logo seguida por sucessos como “Por Que a Gente é Assim?”, “Bete Balanço”, “Tente Outra Vez”, “Pense e Dance” e “O Tempo Não Para”, com direito a solo de bateria no final. Cada música ganhou um projeção diferente no telão ao fundo, sobretudo, tomado pela cor vermelha.

“Vamos cantar juntos, rapazeada”, saudou o vocalista, usando óculos escuros. “Que alegria estar aqui, uma honra. Como diria Cazuza, essa é a versão nova de uma velha história, que não terminará amanhã, é a história do rock nacional, que é resistência”.

Assim, “Meus Bons Amigos”, além de proporcionar uma empolgação ainda maior do público, contou com uma espécie de retrospectiva nos telões, com fotos que iam de nomes da música como David Bowie, John Lennon, Marília Mendonça e Rita Lee a figuras como Albert Einstein, Machado de Assis e Marielle Franco. Então, “Todo Amor que Houver Nessa Vida” chegou emocionando com uma intro acapella e com direito a um solo de guitarra.

Suricato aproveitou o momento para perguntar se o som estava “bacana” e elogiou o lineup, dando prosseguimento com o hit “Por Você”, cheio de nomes de diferentes mulheres nos telões, e “Codinome Beija-Flor”, descrita como “uma homenagem ao Cazuza e um dos momentos mais bonitos dessa turnê” – com o próprio pronunciando um sonoro “Viva Cazuza”.

Enquanto interagia com os presentes, Maurício ganhou protagonismo e assumiu os vocais em “Malandragem Dá Um Tempo”. Em suas palavras, é uma “canção que gravamos alguns anos atrás, sucesso com um de seus intérpretes, e depois o Barão lançou sua versão”. Inicialmente, a faixa foi gravada por Bezerra da Silva, fato que não passou despercebido pelo integrante. “Viva Bezerra da Silva, viva o blues, viva o rock, viva a vida”, disse, antes de voltar aos teclados.

Depois de “Puro Êxtase”, em uma rápida brincadeira, Mauro brincou que tocariam “They Don’t Own Me”, de Richard Ashcroft, até anunciar “Amor Pra Recomeçar” e novamente liderar os vocais. “É uma canção que fiz alguns anos atrás com Frejat e Mauro Sta. Cecília e é o que desejamos pra vocês hoje e sempre”, contou, emendando rapidamente um trechinho de “Bitter Sweet Symphony”.

Encerrando a “tarde maravilhosa”, Suricato pediu uma salva de palmas para a grande equipe técnica envolvida (“somos só a cereja do bolo”) e, sob os desejos de que a plateia curtisse o resto dos shows, o Barão fechou com “Pro Dia Nascer Feliz”. “Até a próxima, a gente se vê na estrada”, afirmou, antes de, ao lado dos colegas, posar com a plateia para uma foto em grupo, com “Do Tamanho da Vida” ecoando nas caixas de som.

Richard Ashcroft

Atração de abertura da reunião do Oasis, Richard Ashcroft e seus músicos Damon Minchella (baixo), Steve Wyreman (guitarra) e Tom Manning (bateria) entraram ao som de “Gimme Some Truth”, de John Lennon, num palco cujo telão exibia apenas a inicial e silhueta do astro principal.

“Obrigado por virem mais cedo para me assistirem, eu realmente aprecio isso. A noite passada foi ótima”, disse o ex-vocalista do The Verve, trajado com óculos escuros, uma jaqueta de couro (que tirou e colocou de novo amarrada na cintura) e camisa da seleção brasileira.

Após o início com “Weeping Willow”, vieram “Music is Power”, na qual pronunciou um “c’mon” no meio da letra, e a nova canção “Lover”, lançada no mês passado – ambas inéditas no festival. Inclusive, abandonou o violão Gibson J-185 temporariamente para “Break The Night with Colour”, onde tampou o próprio microfone para dar um som abafado em alguns trechos.

Balançando o típico cabelo, gesticulando, se movimentando em um tipo de dança própria (com direito a soquinhos no ar) e colocando o sotaque britânico para jogo, o artista fazia questão de pronunciar inúmeros “thank you so much” em meio ao repertório.

“Olê Olê Olê, Richard”, gritava a plateia, empolgada e pedindo, sem sucesso, que tocasse “On Your Own”. Em contrapartida, chegaram a vez de “Lucky Man”, com o vocalista levantando seu violão para o alto, e, concluindo, o hit “Bitter Sweet Symphony”.

“Cantem junto”, solicitou, com os fãs histéricos correspondendo às expectativas. Assim, Richard jogou o microfone no chão, bateu palmas e fez um gesto de abraço, em agradecimento ao público. Sem uma despedida falada, acabou 10 minutos antes do previsto.

Dave Matthews Band

Com cerca de 10 minutos de atraso, Dave Matthews entrou saudando a plateia, enquanto era ovacionado fortemente. Depois da sessão de aplausos, iniciou o espetáculo, de primeira, apenas com o violão, até que toda banda emergisse em “Warehouse” – que, ao final, tem a chamada “salsa jam”, devido à parte instrumental orientada à salsa. Assim, o músico colocou a plateia para dançar.

Diante da resposta animada, logo pronunciou, em português, “tudo bem e “obrigado”, antes de começar “Dancing Nancies”. De maneira diferente da noite passada, canções como “The Best of What’s Around”, “Why I Am”, “Lie in Our Graves”, “Pantala Naga Pampa”, “Pig”, “Rapunzel” e “Lover Lay Down” compuseram o espetáculo. Outros destaques ficaram na participação do gaitista Gabriel Grossi na faixa “What Would You Say” e nos covers de “All Along the Watchtower”, de Bob Dylan, e “Just Breathe”, do Pearl Jam.

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