Há quatro décadas na ativa, Os Paralamas do Sucesso têm um grande legado na música para celebrar. Isso ficou claro no show lotado realizado neste sábado (6), no Espaço Unimed, que ganhará em breve um DVD. No caso, a apresentação fez parte da turnê de clássicos, justamente conhecida por retomar toda trajetória da banda.
Sem atração de abertura, músicas do Black Pumas, Bob Marley, UB40 e Toots and The Maytals ficaram a cargo de animar o público. Pouco depois das 22h, João Barone subiu ao palco, mas não para empunhar as baquetas. Ao lado de uma representante do Médico sem Fronteiras, o baterista contou para a plateia a respeito da parceria entre os músicos e a organização, responsável por originar um comercial – exibido em primeira mão.
Então, somente às 22h30, as estrelas da noite, enfim, apareceram juntas. Além do trio protagonista, composto ainda por Herbert Vianna (guitarra e voz) e Bi Ribeiro (baixo), João Fera (teclados), Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone) atuaram como um potente apoio.
A performance teve início com o hit “Vital e Sua Moto”. Desde a primeira música, certo comportamento mostrou-se um padrão: os fãs, sobretudo mais velhos, dançavam, batiam palmas, levantavam as mãos, interagiam com as câmeras e sabiam cantar cada mínima palavra.
Não demorou para que Herbert mandasse um “boa noite, rapazeada” e dissesse estar “sem palavras para um reencontro tão intenso e verdadeiro”. Aliás, em seguida, o vocalista perguntou cerca de três vezes se todo mundo estava “ouvindo com clareza” e, na mesma quantidade, pediu uma salva de palmas para a equipe técnica, que monta e opera os equipamentos e que os seguem “planeta afora”.
Maiores destaques
Além de um repertório afiado, a performance dos Paralamas do Sucesso ficou marcada pelos períodos apenas instrumentais, solos hipnotizantes e imagens chamativas no imponente telão na parte de trás do palco. Em “Polícia”, por exemplo, a tela transmitiu imagens políticas, enquanto em “Óculos” foi tomada por caricaturas de pinturas.
Ainda, completando o cenário, a plateia levantou balões brancos, vermelhos e laranjas durante “Cuide Bem Do Seu Amor” – entregues pelo MSF. Já em “Tendo a Lua”, era impossível tirar os olhos da iluminação, cujo intuito era lembrar o espaço.
De fato, o líder não mentiu quando descreveu a noite como “tão linda, tão intensa, com uma troca tão verdadeira”. Não é à toa que Barone não segurava os sorrisos em “Assaltaram a Gramática”, trocando até um soquinho com Ribeiro – mais tímido, mas muito presente.
Sem dúvida, o destaque do baterista – que tinha dois kits diferentes e um bumbo com o número 40 – não morou apenas no seu carisma, como também na técnica e talento desfilados, simplesmente ovacionados. “É difícil, desnecessário fazer mais elogios a um talento que há algumas décadas a gente vai celebrando como o melhor da nossa geração, talvez como o melhor do país. Na bateria, o único, incomparável João”, pronunciou Herbert em determinado momento.
De maneira geral, o setlist quase alcançou as duas horas. Hits como “Lourinha Bombril”, “Ska”, “Perplexo”, “A Novidade” (nas palavras de Herbert, composta com “um dos maiores mestres da cultura brasileira, Gilberto Gil”), “Aonde Quer Que Eu Vá” e “Meu Erro” marcaram presença. Em contrapartida, surpreenderam as inclusões de “Quase Um Segundo” (deixando todo mundo emocionado!), “Mensagem de Amor”, “Ela Disse Adeus” e “La Bella Luna”, não executadas recentemente.
Fim da apresentação
Voltando para o bis, Barone rodou uma toalha, enquanto, em tom animado, afirmou: “Que noite. 40 anos parece ontem. Estamos começando mais 40”. Herbert também aproveitou a oportunidade para agradecer pelo apoio: “Se a gente pudesse beijaria o pé de cada um de vocês”.
Ao som da frase “não me abandone jamais”, os Paralamas do Sucesso encaminharam a noite memorável para o fim. Ao mesmo tempo, o público estourou os balões antes erguidos no chão, causando barulhos semelhantes à fogos de artificio – ideais para a ocasião.
Pelo nível de animação, comprometimento e paixão, tanto da parte dos músicos, quanto da parte dos fãs, com certeza ainda há um longo caminho pela frente. É só o começo, como ressaltou o próprio baterista.
Vale destacar que, por ser um DVD, certas faixas precisaram ser refeitas. Foi o caso de “O Beco” (introduzida como “mais antiga do que a idade de qualquer um de vocês”) e, após o fim, “Lanterna dos Afogados” e “Romance Ideal”. Ainda assim, os presentes levaram a questão na esportiva e, mesmo com as repetições, continuaram engajando.