O Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM) é lembrado nesta sexta-feira (30). A doença, rara, crônica e incurável, é a segunda maior causa de incapacidade neurológica em jovens adultos, perdendo apenas para os acidentes de trânsito.
Aproveitando a data e o mês Agosto Laranja, que joga luz sobre o tema, a Alpha FM tira dúvidas com o Dr. Guilherme Olival, diretor médico da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). A entidade está completando 40 anos de ajuda a pacientes em 2024.
Veja, a seguir, um resumo da entrevista, e a íntegra ao final do texto.
O que é a esclerose múltipla?
É uma doença autoimune do sistema nervoso central, ataca o cérebro e a medula do paciente, causando diversos sintomas. “Múltipla” é porque pode pegar várias regiões.
Quantas pessoas tem EM?
A estimativa é de 40 mil pessoas no Brasil e quase 3 milhões no mundo. A cada cinco minutos, alguém é diagnosticado no mundo com esclerose múltipla.
Existem fatores que contribuem para alguém ter a doença?
É díficil entender a origem das doenças autoimunes, porque elas são um erro do nosso organismo, que ataca o que deveria defender. Muitas vezes, tem relações com fatores genéticos – não é uma doença genética –, fatores ambientais, na maioria vírus que circulam na sociedade, além de exposição solar, poluição. São riscos que vão aumentando, mas não são determinantes. É multicausal.
Quais os principais sintomas?
Formigamento em uma região do corpo, perda de força em braço ou perna, desequilíbrio para andar e alteração visual. Mas nós temos sintomas dos mais variados: alteração urinária, dor, dificuldade para engolir, alteração de memória.
Quando costuma ocorrer o diagnóstico?
No Brasil, a idade média é 33 anos e tem uma prevalência de três mulheres para cada dois homens. As doenças autoimunes, em geral, dão mais em mulheres por causa do estrógeno.
Como tratar a doença?
O tratamento dessa doença é considerado a segunda maior revolução da medicina dos últimos 20 anos, só atrás do tratamento de câncer. Se utilizam algumas classes de medicamentos: imunomoduladores, imunossupressores e anticorpos monoclonais.
Hoje, a gente ainda tem muitos pacientes com dificuldade de acesso, mas, no Brasil, temos tratamentos disponíveis pelo planos de saúde, no SUS, com alta e capazes de controlar a doença, caso o paciente faça o diagnóstico precoce.
Como se dá o diagnóstico?
A maior dificuldade hoje é o diagnóstico precoce. A gente fez um levantamento aqui, a média de tempo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico é de 2 a 5 anos. Uma série de estudos mostram que, se a gente consegue transformar isso em seis meses, você muda a evolução do paciente completamente.
Na esclerose múltipla, ainda não tem um papel (de diagnóstico) que sai “sim” ou “não”. Tem que juntar dados de ressonância magnética de crânio e medula, principalmente, coleta do liquor da coluna do paciente para analisar aquele líquido e fazer uma história bem detalhada. Ainda depende de um neurologista ou um neurologista especializado.
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