No Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola é recordado em 7 de abril. Assim sendo, mais do que uma data simbólica no calendário, tal dia é uma oportunidade crucial para refletirmos sobre um problema que assola muitos lares e escolas em todo o país.
Nesse sentido, conversando com a renomada psicóloga Karen Scavacini, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP, mergulhamos em uma discussão profunda acerca da importância desse dia dedicado. Além disso, foram expostos os efeitos devastadores do bullying e da violência escolar, especialmente em tempos de ciberespaço, e a responsabilidade de todos nós, desde pais e educadores à sociedade em geral, em abordar e combater essa realidade.
O bullying
“Bullying é um comportamento de agressão, seja física, verbal ou psicológica”, explica Scavacini. “É uma intimidação que acontece de maneira frequente e intencional, visando causar dano ou intimidação a outra pessoa.” Esse comportamento, que envolve agressor, vítima e testemunhas, tem certamente se tornado uma preocupação crescente nas escolas, manifestando-se de formas variadas, desde agressões diretas até formas mais sutis, como exclusão social e cyberbullying.
O ambiente escolar, outrora considerado um espaço seguro, tornou-se palco para o florescimento do bullying em suas diversas formas. Desde a simples destruição de objetos até brincadeiras de mau gosto que visam humilhar o outro, as consequências são inegavelmente graves e muitas vezes irreversíveis. “Os efeitos do bullying podem ser devastadores, afetando a autoestima, as relações sociais e até mesmo desencadeando problemas de saúde mental como ansiedade, depressão e até suicídio”, ressalta Scavacini.
Sinais de alerta na vítima:
- Queda no rendimento escolar;
- Isolamento social;
- Mudanças bruscas de humor;
- Tristeza profunda;
- Queixas frequentes de dores de cabeça ou estômago;
- Relutância em ir à escola;
- Pertences danificados ou sumidos.
Sinais de alerta no agressor:
- Comportamento agressivo e impulsivo;
- Dificuldade em controlar a raiva;
- Falta de empatia pelos outros;
- Necessidade de ter poder e controle sobre os outros;
- Tendência a humilhar e intimidar os mais fracos.
Uma nova face da violência
O advento da internet trouxe consigo uma nova dimensão para o bullying: o cyberbullying. A princípio, com a sensação de anonimato e impunidade, muitos jovens sentem-se livres para disseminar ódio e infligir dor através das redes sociais e aplicativos de mensagens. O cyberbullying amplifica, portanto, os impactos do bullying tradicional, alcançando um público maior e deixando marcas profundas na saúde emocional das vítimas.
Conscientização e responsabilidade social
Diante desse cenário alarmante, a conscientização e a ação tornam-se imperativas. É fundamental que pais, educadores e toda a sociedade estejam atentos aos sinais de bullying, tanto no ambiente escolar quanto online. Scavacini enfatiza a importância de escutar e acolher as vítimas, além de educar sobre os sinais de alerta e fornecer recursos para buscar ajuda.
A responsabilidade de lidar com o bullying não recai apenas sobre as vítimas e suas famílias, mas também sobre as escolas e o corpo docente. É essencial que as instituições de ensino estejam preparadas para abordar o bullying de maneira eficaz, oferecendo apoio psicológico, orientação educacional e mediação de conflitos. No entanto, é crucial encontrar um equilíbrio entre agir com firmeza e evitar expor ainda mais a vítima à violência.
Além disso, é necessário um esforço conjunto de toda a sociedade para combater o bullying e promover ambientes escolares seguros e saudáveis. Isso inclui uma maior regulamentação das redes sociais, campanhas de conscientização e programas de formação para professores e funcionários escolares.
Em sua mensagem final, Scavacini ressalta, por fim, a importância de não ficar inerte diante do bullying. “Não deixem de fazer algo! Aprendam sobre bullying, estejam nos espaços que seus filhos frequentam na internet, observem os sinais e peçam ajuda se necessário.” A luta contra o bullying é um dever de todos nós, e é essencial que cada um faça a sua parte para criar um ambiente escolar mais seguro e acolhedor para todas as crianças e adolescentes.
Busque ajuda!
Caso você ou alguém que conhece esteja sofrendo bullying, não se cale! Existem canais de ajuda disponíveis:
- Canal da Ajuda (Safernet Brasil): canaldeajuda.org.br (denúncias anônimas e gratuitas sobre violência online).
- CVV (Centro de Valorização da Vida): 188 (atendimento 24 horas por dia, 7 dias por semana).
- Mapa da Saúde Mental: localiza serviços gratuitos de saúde mental em todo o Brasil.
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