Do crédito de carbono e o potencial de quitar o passivo social

O mercado de crédito de carbono emergiu de um nicho regulatório para se tornar o epicentro do debate sobre a transição energética global e um pilar financeiro essencial para o pilar E (Ambiental) do ESG. No Brasil, essa conversa é ainda mais urgente, dada a nossa vasta riqueza natural. Este é um dos muitos assuntos abordados neste episódio do Alpha Transforma com Marcus Nakagawa. Para Pedro Plastino, especialista em negócios ambientais, o país detém um potencial transformador.

Essa riqueza, o crédito de carbono, não é apenas um trunfo ambiental, mas uma ferramenta poderosa para abordar o S (Social) e a G (Governança) do ESG. O grande desafio, segundo o especialista, é transformar esse potencial em realidade presente e usá-lo para combater a desigualdade.

O crédito de carbono, simplificadamente, é um mecanismo financeiro que monetiza a redução ou a remoção de gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera. Pedro Plastino explica a divisão em duas categorias principais:

  1. Créditos de Remoção (Ou Sequestro): Ocorre quando o carbono é ativamente retirado da atmosfera. O exemplo mais clássico é o reflorestamento (que utiliza a fotossíntese para capturar o CO2 e fixar o carbono na biomassa) ou o desenvolvimento de tecnologias, como cimentos especiais capazes de absorver o CO2.2.
  2. Créditos de Evitamento: Ocorre quando uma atividade evita a emissão de GEE que ocorreria sob um cenário “normal”. Um exemplo prático são os biodigestores em granjas. O dejeto suíno, se jogado em lagoas (a prática legal no Brasil), libera metano, um GEE 27 vezes mais poluente que o CO2. Ao utilizar o biodigestor, esse metano é capturado e queimado, evitando sua liberação para a atmosfera. Outros exemplos incluem a troca de frotas por veículos elétricos.

A atuação do setor de carbono no Brasil se concentra em três grandes áreas: energia renovável, como eólica e solar, floresta e agronegócio.

O setor florestal, em particular, engloba tanto o reflorestamento quanto os créditos de Redd+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Evitada). O especialista destacou um projeto de proteção de 55 mil hectares na Amazônia (Acre, Rondônia e Amazonas), que resultou na maior operação de venda de créditos Redd+ da história do Brasil para a Volkswagen.

O foco é garantir que os milhões e bilhões de reais gerados por esse mercado cheguem diretamente às comunidades isoladas e carentes, especialmente no Norte e Nordeste, onde a desigualdade é mais acentuada, e o crédito de carbono pode ser a única fonte de receita.

Para o especialista, o potencial de crescimento do mercado é promissor. Esse protagonismo será reforçado pela realização da COP 30 (Conferência do Clima da ONU) em Belém do Pará, no coração da Amazônia, em 2025. Assista à entrevista completa e saiba mais:

Assim, o setor de crédito de carbono não é um mercado saturado. Pelo contrário, está em franca expansão e precisa de novos talentos.

Para quem está insatisfeito com sua carreira ou busca ingressar na área de ESG e sustentabilidade, o primeiro passo é o estudo e a pesquisa, que são a base de um setor complexo e em constante evolução.

O mercado de carbono representa, portanto, um ponto de convergência entre os pilares ESG, oferecendo ao Brasil não apenas uma vantagem competitiva global, mas um caminho tangível para solucionar problemas sociais crônicos.

Leia também: A jornada do “Projeto Eu Ajudo” e a urgência de apoiar o capital humano global

 

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