Na última semana, Walter Salles e Fernanda Torres estavam lado-a-lado na mais antiga amostra de cinema da história, o Festival Internacional de Cinema de Veneza. Lá, ocorreu a primeira exibição de “Ainda Estou Aqui” para o grande público.
Como resultado, o filme, que retrata a memória da ditadura militar, foi ovacionado por dez minutos pela plateia presente, que contava com os mais notáveis nomes da crítica cinematográfica.
No entanto, a prolífica parceria de Salles e Torres transcorre décadas e, claro, alguns bons filmes. Outrossim, o longa de 2024 não só conta com protagonismo de Fernanda Torres, mas também com a participação de sua mãe, Fernanda Montenegro. E, por conseguinte, esta também não é a primeira vez que Salles e Montenegro se unem em tela.
A gênese da parceria
Sobretudo, o primeiro longa da acrônica parceria de Salles e Torres estreou em 1995. “Terra Estrangeira”, conta com direção de Walter Salles e Daniela Thomas e com o protagonismo de Fernanda Torres. Filmado em preto e branco, o enredo é um retrato da experiência imigrante, contando a história de brasileiros em Portugal.
Ainda mais, poucos anos depois, em 1998, estreava “O Primeiro Dia”, tornando-se o segundo longa com direção de Walter e Daniela com participação de Fernanda, a obra teve produção de baixo orçamento. A história articula a relação de Maria, abandonada pelo marido, e João, presidiário fugido, que se conhecem na virada de 1999 para os anos 2000.
“Central do Brasil” e sua importância cultural
“Central do Brasil”, de 1998, é, possivelmente, um dos mais célebres projetos culturais brasileiros. Sob direção de Walter Salles, Fernanda Montenegro interpreta Dora, professora aposentada que escreve cartas para analfabetos. Dessa maneira, a escrivã conhece Josué, menino que ao perder sua mãe vai em busca de seu pai no nordeste brasileiro.
Outrossim, o longa foi exibido no Festival de Berlim, histórica amostra de cinema internacional em 1998. O filme foi celebrado como o melhor filme daquela edição.
No entanto, esse seria apenas o início da jornada de “Central do Brasil” em prestigiosas premiações. O desempenho de Fernanda Montenegro a levou a mais altas das honrarias do cinema, indicada para Melhor Atriz no Oscar e para Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro.
Ademais, o longa foi indicado ao Oscar para Melhor Filme Estrangeiro, e ganhou esta mesma categoria no Globo de Ouro.
“Ainda Estou Aqui”: o Brasil no cenário de cinema internacional
“Ainda Estou Aqui” marca a volta de Walter Salles ao cinema nacional. Com ele, estão Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
O longa, que ainda não tem estreia nos cinemas definida, é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. A obra conta a história real de Eunice Paiva – interpretada por Torres e Montenegro em diferentes fases do longa -, mãe de família que lida com o sequestro de seu marido durante a ditadura militar no Brasil.
Por conseguinte, após sua exibição, o longa foi ovacionado pelo público por ininterruptos dez minutos. Dessa forma, grandes veículos especializados aclamaram a película. A Variety, por exemplo, encabeçou sua crítica dizendo: “[O filme é] O retrato profundamente comovente da memória sensorial de Walter Salles sobre uma família — e uma nação — rompida”. Já a Deadline, define “Ainda Estou Aqui” como “uma carta de amor ao Brasil”.
Leia também: Com Coringa e Fernanda Torres, o que esperar do Festival de Veneza?