Em 96 anos do Oscar, o Brasil nunca teve uma produção completamente nacional indicada em “Melhor Filme”. No entanto, em 1986, O Beijo da Mulher Aranha (1985), uma coprodução americana, disputou a categoria, perdendo junto dos demais para o drama Entre Dois Amores (1985), dirigido por Sydney Pollack.
Filmes brasileiros já apareceram em oito categorias da principal premiação do cinema, incluindo “Melhor Diretor” com Fernando Meirelles por Cidade de Deus (2002). Além disso, concorreu em roteiro adaptado, edição, fotografia, animação, documentário, curta-metragem em live-action e filme internacional (3x).
Voltando ao “Beijo”, o longa-metragem trata da história de dois homens, Valentim [Raul Julia (1940-1994)] e Molina [William Hurt (1950-2022)], numa cela de prisão de um país latino-americano. O período é inespecífico de forma intencional. Dessa forma, o espectador pode associá-lo a diferentes contextos.
Uma produção transnacional
O americano William Hurt venceria o Oscar na categoria de “Melhor Ator” e e a Palma de Ouro do Festival de Cannes. “Saudade, Brasil”, declarou ao discursar na cerimônia de Hollywood. Hurt e o compatriota Raul Julia trabalharam sem ganhar cachê, recebendo apenas uma ajuda com passagens e para hospedagem no Brasil.
O diretor argentino, naturalizado brasileiro, Hector Babenco (1946-2016) concorreu em “Melhor Direção” e o roteirista americano Leonard Schrader (1943) tentou a estatueta em “Melhor Roteiro Adaptado”, ambos sem sucesso.
O Beijo da Mulher Aranha contou com a participação de atores de várias nacionalidades, incluindo brasileiros, como a estrela Sônia Braga. As falas eram em inglês, idioma que ela não falava. Por isso, a atriz teve decorar bem o texto e a pronúncia das palavras.
As gravações da produção ocorreram na cidade de São Paulo entre 1984 e 1985. Os norte-americanos assistiram primeiro. O filme foi lançado em 26 de julho de 1985 nos Estados Unidos e em 13 de abril de 1986 no Brasil.