Lily Allen estreou na indústria musical com o irônico single “Smile“, inspirado por um ex-namorado que a traiu. Agora, quase duas décadas depois, a cantora volta a falar sobre um relacionamento marcado por infidelidade, mas com um tom mais honesto, tratando de temas como imaturidade emocional, não-monogamia, vícios e mentiras.
Chamado “West End Girl“, o quinto álbum de estúdio da artista chegou ao mundo nesta sexta-feira, dia 24 de outubro. Não teve nenhum single como prévia, justamente para preservar a narrativa contada durante as 14 faixas inéditas.
Pode-se dizer que a coletânea conta o desenrolar de um romance trágico, vivenciado por Allen com o ex-marido David Harbour, ator de “Stranger Things“, “Esquadrão Suicida”, “Thunderbolts” e mais superproduções. Os dois se casaram em 2020 e a confirmação da separação veio neste ano.
Sobre “West End Girl”, de Lily Allen
A cantora decidiu abrir o álbum com a animada e datada faixa-título, contando brevemente as primeiras conquistas do casal, incluindo a “casa Brownstone em Nova York, com móveis encomendados“.
A canção prossegue com uma boa notícia: ela conseguiu o papel principal de uma peça teatral. Se trata de “Hedda”, uma nova releitura da obra de Henrik Ibsen, adaptada e dirigida por Matthew Dunster.
As novidades, contúdo, não encantaram o companheiro, que “começou a mudar” após saber que a amada teria que se mudar para Londres pelo trabalho. Ainda nos últimos acordes da primeira canção do disco, os ouvintes já têm a sensação de escutar o início do fim.
O desenrolar de “West End Girl” se dá através de revelações de traição, tentativas frustradas de salvar a relação e as consequências negativas disso tudo.
A frenética “Rumminating” tenta transmitir na batida o turbilhão de sentimentos que a artista passa em não conseguir “tirar da cabeça a imagem dela nua em cima de você” e como isso a afeta fisicamente. “Desisti de tentar dormir esta noite / São quatro da manhã e estou em modo de luta ou fuga“.
Em “Tennis“, Allen dá nome aos bois e questiona quem é “Madeline“, mesmo nome que também dá título à próxima faixa do disco. Aqui, ela já não confia “em nada que sai da boca dele“. Ainda, a cantora parece dizer que aceitou viver uma espécie de casamento aberto com o ex-marido, mas com algumas condições, conforme os versos: “Tinha que ter pagamento / Tinha que ser com estranhos“.
As consequências deste casamento fadado ao fracasso começam a aparecer em “Relapse“, quando a autora revela ter encontrado nas bebidas alcoólicas e remédios uma válvula de escape. A repetição do refrão “Preciso de uma bebida / Preciso de um Valium” reforça a sensação de vício destes elementos.
E essa dependência refletiu diretamente na saúde mental de Lily. No podcast “Miss Me?”, a compositora contou sobre o assunto, declarando não estar “em um lugar bom” atualmente.
A prática de não-monogamia é comprovada de vez em “Nonmonogamummy” e “Dallas Major“, quando canta explicitamente sobre a aventura em entrar em aplicativos de relacionamentos e sair com outras pessoas enquanto ainda é casada. “Sim, eu tô aqui por validação e provavelmente deveria explicar / Como meu casamento é aberto desde que meu marido se perdeu“.
O encerramento de “West End Girl” mostra que, por mais tentativas e adequações a um estilo de vida que não condizia com as duas partes, o fim era inevitável. Lilly Allen afirma que o ex-companheiro não vai mudar e não há nada que ela possa fazer para tirá-lo deste “loop” e padrões de comportamento machistas e sexistas.


