Em clima de comemoração, o Interpol trouxe para a Audio, em São Paulo, nesta sexta-feira (7), a turnê focada em seus dois primeiros álbuns. Ao longo de 1h40, Paul Banks (voz e guitarra) e Daniel Kessler (guitarra) entregaram um show assertivo, que encantou os presentes. Sobretudo, vale destacar que o baterista Sam Fogarino, por conta de uma cirurgia na coluna, está sendo substituído por Chris Boome.
Músicas como “Sweet Candy”, de Choir Boy, “That Summer Feeling”, de Jonathan Richman, e “Homme rouge”, de Henri Texier, além de outros instrumentais, criaram um clima. Uma sequência de faixas de Lil Yachty veio até que, pontualmente, às 21h, a atração, com acenos, subisse ao palco.
Como foi o show?
Não houve surpresas ou mudanças no setlist. Como esperado, com poucas interações, o grupo executou, na ordem, “Turn on the Bright Lights” (2002) e “Antics” (2004) na íntegra. Mesmo seguindo o padrão, o início com o lado B “Specialist” arrancou reações empolgadas. Brandon Curtis (teclado) e o carismático Brad Turax (baixo) atuaram como apoio. Luzes fortes e extremamente sincronizadas, sobretudo em tons de azul e vermelho, e fumaça somavam à performance.
Era difícil desviar os olhos do frontman meio imóvel, mesmo que sob um mar de flashes e cores causados pela iluminação. Trajado com uma jaqueta de couro, tirada apenas no bis, e óculos de sol, ele assumia uma postura elegante e imponente em cima do palco, como também misteriosa. O maior mérito do líder foi, por meio de sua introspecção, ressoar uma mensagem poderosa o suficiente para conquistar as 2 mil pessoas na plateia.
Aliás, o comportamento quase etéreo combinou com as primorosas guitarras das faixas melancólicas e funciona diante da proposta mais intimista. Virou sua marca e quem acompanha o grupo não espera nada diferente. O cantor completava a vibe com leves movimentos com os pés, sorrisos discretos e um jeito dramático de segurar o microfone e se hidratar. Ainda, fez questão de direcionar beijos para os fãs.
Já o companheiro Kessler aproveitava mais o espaço. Acompanhava as músicas não só tocando guitarra, mas com o semblante focado, os movimentos exagerados e, numa tentativa de guiar os presentes, com os dedos quando estava com as mãos livres. Teve seu próprio momento de brilhar sozinho nos holofotes ao final de “Not Even Jail”.
Maiores destaques
Enquanto que, em sua última passagem por aqui, no Primavera Sound Brasil 2022, a banda nova-iorquina apresentou-se antes da atração principal Arctic Monkeys, agora, eram as estrelas. Músicas como “Rest Chemistry” e “Toni” fizeram falta, mas é compreensível a escolha de apenas tocar nos primeiros trabalhos – afinal, é o intuito da tour.
Entre os maiores destaques, ficaram faixas como “Evil”, “Stella Was A Diver And She Was Always Down”, “C’mere”, “Slow Hands”, “NYC” (com as luzes realmente se acendendo na frase “turn on the bright lights”) e “Obstacle 1”, em que o público entregou o máximo de energia e animação, batendo palmas, enfileirando muitos gritos e, de fato, sentindo por completo a obra do Interpol.
Para completar, nos poucos diálogos com os fãs, Paul arriscou alguns “obrigado” em português. Também chamou a plateia de “maravilhosa” e apresentou os colegas – claro, descrevendo Kessler como “uma lenda viva”. Ainda, logo no início, enquanto parou para dar um boa noite, explicou que o intuito era celebrar os dois álbuns, divididos em atos. Sem dúvida, um espetáculo completo.
Setlist do Interpol em São Paulo
Specialist
Say Hello to the Angels
Obstacle 1
NYC
Roland
Hands Away
Stella Was a Diver and She Was Always Down
Leif Erikson
PDA
Next Exit
Evil
Narc
Take You on a Cruise
Slow Hands
Not Even Jail
Public Pervert
C’mere
Length of Love
A Time to Be So Small
Untitled