O Dia Mundial do Café, comemorado em 14 de abril, está chegando, e o desenvolvimento do Brasil já dependeu da extensiva produção do gênero. O chamado “Ciclo do Café” veio na época do Império e foi o quarto de nossa história econômica, após pau-brasil, cana-de-açúcar e ouro, todos coloniais.
O protagonismo do “ouro negro” começou no século XIX e terminou no começo do século XX, por consequências do crash da Bolsa de Nova York, em 1929. Dois anos depois, os preços estavam a um terço do praticado no pré-Grande Depressão. Por isso, o presidente Getúlio Vargas ordenou a queima de 78 milhões de sacas para tentar levantar a cotação no mercado internacional.
Os latifúndios cafeeiros fazem parte da história do estado de São Paulo, o mais beneficiado. O plantio se iniciou pelo Vale do Paraíba, onde os “Barões do Café” aproveitavam mão de obra escrava. Os grãos também encontraram terreno fértil no Oeste Paulista, onde a preferência foi pelo trabalho de imigrantes nos cafezais.
As milhões de sacas exportadas impulsionaram a economia, permitindo um princípio de industrialização no país. Surgiram indústrias e bancos, e linhas de trem preencheram o território paulista. As ferrovias eram fundamentais para o escoamento da produção até o Porto de Santos, de onde os grãos sairiam para o mundo.
Com a perda de trabalhadores nas fazendas após a abolição da escravatura, em 1888, os barões passaram a apoiar a proclamação da República, que viria no ano seguinte. No princípio da pátria, aliás, ainda teve a “Política do Café com Leite”, nome para a alternância de presidentes advindos das oligarquias de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite). Curiosamente, hoje, Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, e São Paulo voltou à cana-de-açúcar para produção de biocombustíveis, como etanol.
O café nos museus do estado de São Paulo
Santos (80 km da capital) – o espaço cultural é, sem dúvida, o principal do estado. O edifício arquitetônico, da antiga Bolsa de Café, já vale a visita. Além disso, o acervo é vasto e dá para tomar café lá.
Serra Negra (150 km da capital) – o Vale do Ouro Verde expõe utensílios e fotos da era de ouro do café, lembrando também da imigração italiana no fim do século XIX.
Piratininga (345 km da capital) – o Museu do Café de Piratininga conta a história do café a partir do próprio acervo e de prédios históricos com direito a turismo rural.
*Em Ribeirão Preto, cidade gestada no Ciclo do Café, o Museu Histórico, que conta com um grande acervo do período, está temporariamente fechado, aguardando restauro. De acordo com a Prefeitura, uma licitação está em andamento.
*Em Botucatu, o Museu do Café da Fazenda Experimental Lageado, ligado à Faculdade de Ciências Agrônomicas da Unesp, está fechado por tempo indeterminado.
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