A Cannabis vem sendo usada por vários séculos para tratamento da epilepsia e outras patologias como a enxaqueca, sendo a medicação mais prescrita pelos médicos entre os anos de 1874 e 1842. Desde o primeiro manual da Merck, em 1899, ela estava citada e só parou de ser prescrita devido à proibição mundial. O uso da Cannabis sativa L. para epilepsia é descrito desde aquela época e em vários artigos científicos, até que em 1998 a FDA (Food and Drug Administration) dos EUA aprovou o primeiro medicamento para Epilepsia Refratária.
Em solo brasileiro, destaca-se o Prof. Elisaldo Carlini, que desde a década de 50, começou a estudar o extrato para insônia. Ele mesmo em 1987 fez o primeiro estudo brasileiro, com ótimos resultados, para epilepsia.
Em 1992, foi descoberto o sistema endocanabinóide. Ele é que equilibra e modula o estresse, a inflamação, a dor, o controle do tônus cardiovascular, o metabolismo energético, a imunidade, a neurogênese e a reprodução, assim ele pode tratar muito mais doenças que as conhecidas como dor crônica, doenças degenerativas como a esclerose múltipla, o Parkinson e o tremor essencial. E mais recentemente, Zuardi e colaboradores estudaram a aplicabilidade para tratar doenças psiquiátricas pois atuam como antidepressivo, calmante e anti psicótico.
Desde então, houve avanços consideráveis em nossa compreensão do sistema endocanabinóide e a sua função no corpo e no cérebro. Estudos apontam apontam para o tratamento para uma ampla gama de distúrbios cerebrais e clínicos, como o autismo, a diabetes mellitus, a fibromialgia, a depressão, a insônia, câncer, aids, entre outros.
A Cannabis assim é uma super planta, podendo ser útil para limpar o solo (fitorremediação), biodiesel, alimentação animal e humana pois as sementes são ricas em ômegas 3,6 e 9), possuem fibras resistentes, utilizadas para fazer corda e tecidos, além de ser suplemento e medicamento.
Por: Dra. Eliane Nunes
Psiquiatra e psicanalista – CRM